O "BLAME GAME" NO MERCADO PLUS SIZE. DE QUEM É A CULPA?
- Amanda Momente
- 16 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Eu fiz faculdade de design com ênfase em moda, que tem foco em resolver problemas através do design porém, eu nunca tive uma aula que falasse sobre as coisas que não são o ‘padrão’. E quando eu fui trabalhar na indústria, eu entendi porque.
Na indústria, todo mundo faz o que todo mundo faz. E para trabalhar com o plus size, ou com outro público mais específico, precisa ter muito mais pesquisa, muito mais empenho, muito mais trabalho. Tira o fluxo que as pessoas que são moldadas nessa indústria já estão habituadas a fazer, então não tem abertura nem interesse. Sempre que se faz algo, é só uma extensão daquilo que já tem, e o corpo plus é muito diferente.
Quando comecei a trabalhar com a Amanda, fiquei aflita. Pensei, como vou fazer isso dar certo? Ninguém nunca me ensinou! Comecei a pesquisar e fiquei muito decepcionada pois não encontrei nenhuma referência, nenhum livro que pudesse me ajudar. Então foi trabalho de formiguinha mesmo, começamos sem base, sem nada, na tentativa e erro. Visitei feiras, conversei com pessoas, e percebi que é um universo paralelo a indústria convencional, ignorado.

Nessa minha caminhada de 4 anos nesse mercado, eu percebi como eles são mal atendidos em várias frentes, desde produtos, discursos até oportunidades. As pessoas não conseguem viver bem, porque não tem roupas adequadas para o dia a dia, para a vida delas, para as coisas básicas. E tem muita demanda, mas não têm pessoas dispostas a fazer esse trabalho.
A nossa missão aqui, trazer uma solução. Muitas vezes é fácil apontar o que vemos de errado e ficar nesse jogo da culpa (blame game, em inglês), em que os gordos culpam a indústria, em que a indústria culpa o processo, e no fim só temos reclamação e estagnação, pois nenhuma solução aparece.
Trabalhar com o plus, não é reinventar a roda, não é nenhuma fórmula mágica, é apenas fazer da maneira correta com empatia o trabalho difícil que ninguém esta fazendo. Testar quantas vezes forem necessárias, escolher os tecidos corretos, porque o problema não está nas cores ou nos corpos, está na falta de tato, de pesquisa e de teste para escolher o adequado para cada função. Por isso começamos esse projeto, queremos uma revolução na indústria, e queremos que você seja parte dela!
Convido você a fazer um exercício, na próxima vez que for ao shopping, procure ver quantas lojas de roupas plus size você encontra. Já te adianto, vai ser uma missão impossível. Daí, imagine, se você fosse gordo (a) e estivesse lá com seu dinheiro e muita vontade, como você se sentiria ao não ser representado de nenhuma maneira? Eu fiz esse exercício e foi doloroso.
Vai lá você também, e depois me conta como foi!

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